Já me Fogem as Rimas

Eis me então aqui:
Tão roxo, tão sóbrio,
Irremediavelmente sóbrio.
Sonhando ter asas,
Mas passas, ó meu amor!
Amor, que jamais conheci.

Eis me então ali:
Buscando meu mundo,
Imundo, afinal! - Caí! -
Caí numa prece sem fim,
- Esqueci-me do oeste -
E que não me reste
Nem mais um motim
Um cantim! Pra mim!

Não tenho mais o mundo,
Mas ainda algo a cumprir.
Seja qual for, há algo pra mim.
Enfim! Nem mais poesia,
Já abuso do “im”:
Um falso diminuto
Dessa língua confusa,
Absurda! Abstrusa!

- Absurdo! -

Tornei-me um absurdo.
Tranquei-me no mundo
E no fundo, bem no fundo...
Temo a verdade, a liberdade.
Pois queira a saudade
Sumir-me da face, do corpo,
Pois no fim, pra mim:
Tornei-me um estorvo
E de novo, rimei com um “im”

Heitor Victor

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